terça-feira, 18 de novembro de 2008

Imagem e Poesia


















Cada peça de mim não me contém

e eu não contenho nada pois sou peças

que apenas a memória finge um todo.

Se tudo faz sentido nada o faz.

Um todo me contém cada e a memória

não finge peças pois apenas sou.

Nada eu de mim contenho que não peça.

Se tudo faz o nada faz sentido.

Não peça apenas a memória um todo.

Contenho e sou pois nada não contém

cada eu que de mim me finge peças.

Se faz sentido faz o nada tudo.

Finge peças de mim pois sou-me um todo

e cada peça apenas não contém

a memória que não contenho nada.

Se nada faz sentido tudo o faz.


Certa vez recebi de uma amiga esse poema de Antônio Cícero e, ao lê-lo, logo lembrei-me de uma imagem de Salvador Dali. Escrito vinte e tantos anos depois, o poema de Cícero joga com as figuras de linguagem tanto quanto Dali jogava com suas "figuras de imagem", algo me fez assciá-los. As partes do poema foram se encaixando pouco a pouco em minha mente, até que a memória buscou a Galatea Of The Spheres. Nada ali chegou a completar-se, mas as partes me pareciam bem uma ao lado da outra.


Um comentário:

José Caldas disse...

Exeeleeente Juju!!
Na minha percepção, tudo se completa!
Isso aí é uma explicação, alías são 2.Uma ajuda a outra.
Lindo Blog,.
Bjss