Assisti há alguns dias a peça Quartett, com a Beth Goulart e seu irmão Goulart Filho, fiquei com vontade de escrever alguma coisa, mas só agora parei para fazê-lo.
A peça é uma adaptação de 1981 do dramaturgo Heiner Müller, do livro Les Liaisons Dangereuses (1782), de Chodelos de Laclos, que também ganhou uma versão cinematográfica (de mesmo nome), com direção de Stephen Frears e atuação de Jonh Malkovich e Michelle Pfeiffer. O livro, escrito no séc. XVIII, foi influenciado pelo Iluminismo e retrata a decadência dos hábitos e costumes da aristocracia francesa em favor da liberdade de pensamento - que na peça restringe-se mais às questões morais ligadas aos sentimentos. Na adptação para o teatro, Müller não fez questão de situar a peça espaço-temporalmente, ateve-se, apenas, ao jogo dos dois personagens principais: Merteul e Valmont, que acabam por dar vida a outros personagens importantes da trama. Beth Goulart, é, então, Madame Merteul, a jovem inocente Cecile e ainda divide com o irmão o papel de Valmont. Goulart Filho interpreta o conquistador Valmont e Madame Turvel. A transformação dos personagens se dá em cena é um banho de interpretação!
Com direção de Victor Garcia Peralta a peça ganha contornos contemporâneos e os personagens formam mais um casal de cidade grande, onde a dissimulação dos sentimentos dos personagens ganha papel principal. O desejo toma a cena e move todo o enredo, ele é a base do jogo de sedução e interesses que trás consigo uma gama de sentimentos desagradáveis e dependentes, vivenciados pelos personagens. Para satisfazê-lo eles são capazes de corromper, reprimir, simular e assim manter o jogo das aparências - talvez o mais conhecido entre nós, porque vivemos numa sociedade extremamente hipócrita.
A peça estará em cartaz no Teatro Leblon até 20 de dezembro.
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