domingo, 23 de novembro de 2008

Leilão do Ar

Esse foi o título da primeira crônica de Carlos Drummond de Andrade, publicada no Jornal do Brasil em 2 de outubro de 1969. Em seu texto, Drummond revela sua perplexidade diante de um fato triste e obscuro. O governo de Castelo Branco tira dos ares os aviões da empresa que era o símbolo da aviação nacional e faz um leilão com suas quinquilharias - ops... quinquilharias não, porque a Panair tinha um padrão e era esse: talheres de prata, copos de cristal, porcelanas Limonge, tudo para sustentar o glamour que pairava sobre a atividade naquela época. Mas porquê tal assalto? 
A resposta não ficou bem clara ainda hoje, e a história que estava engasgada na garganta dos ex-funcionário, ou melhor, da "Família Panair", é contada pelos órfãos da empresa no documentário Panair do Brasil, de Marco Altberg - vale a pena assistir! O filme mostra a força da memória de uma gente que sofreu uma das piores formas de coersão: a jurídica e apresenta (para quem não conhecia a história, como eu) mais um capítulo podre da nossa ditadura. A belíssima letra da canção Conversando no Bar de Milton Nascimento e  Fernando Brant, interpretada, claro, pela maravilhosa Elis Regina, é uma resposta para quem pensava que era possível calar, ainda mais quando o que se queria era gritar. O título, a primeira vista nada sugere, mas o que vem com ele é de uma riqueza que só os grandes artistas alcançam. Eis o traleir do filme: 




2 comentários:

Anônimo disse...

Toda essa trama contra a PanAir está narrada em detalhes no livro POUSO FORÇADO, da editora Record (2005). O autor chama Daniel Sasaki. Vale muito a pena!

Belle de jour disse...

Obrigada pela dica!